domingo, 3 de maio de 2009

Na "Escola da Vida", a única coisa que não se escolhe é a hora da morte. Para uns, um sem norte; para outros, uma sorte; todavia, para nós do Pé-no-Chão, um aprendizado constante na colheita dos frutos por ela adubados numa visão cíclica de ontem, hoje e amanhã. Augusto Boal que muito nos inspirou ao regar nossa arte, após semear a idéia confluente de transformação da sociedade através do teatro na peça "Torquemada", montada por este grupo, nesta hora parte. No entanto, cremos que fica, ou melhor, permanece não somente, pela forma com que ele difundiu o Teatro Brasileiro profundo, que se importa não simplesmente com a vaidade e todas mais mazelas que embebem nossos colegas mais inconscientes, muitas vezes nos sufocando por serem insuportáveis aos que têm consciência de que o Teatro não se resume a isso; mas, sobretudo, pela essência de seu pensamento, de sua prática, enfim, de sua vida engajada e envolvida talvez com a tentativa de cura, após a cicatrização dorida, da maior ferida da humanidade: a imposição equívoca do poder do homem sobre o homem, desprezando os princípios de liberdade e da partilha equilibrada e democrática da construção em verdadeira sociedade, que se transforma a cada nova necessidade e se des-envolve ao longo de cada desafio inusitado para envolver-se com o insólito e inaudito a ser publicado e repercutido no livro dos palcos da vida.
Gutembergue de Souza.

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