domingo, 2 de novembro de 2008

A MORTA (Autor: Oswald de Andrade)

Depois de passar pelo País do Indivíduo, com sua duplicidade quaternária conflituosa e indigesta frente ao seu egoísmo; pelo País da Gramática, com suas regras nefastas e injustas pelas "frases feitas" a devorar o futuro; chegou-se ao País da Anestesia, onde toda a necrose da vida tenta corromper a poesia, lamentavelmente, apesar da esperança do poeta na mudança das almas mais fétidas, que, pelo seu estado de "pura" letargia, nada sentem, nenhuma verdade manifestam e, assim, in-festam do imundo a consciência hodierna; no autêntico Amor de Humanidade, a livre ação transformadora supera a emoção enganadora e dela se desenlaça. Portanto, diante de tanta putrefação do ser, acende-se a chama do amanhã, que a tudo incendeia; preferindo-se "queimar a própria alma", a ter que provar o mesmo prato da "mosca azul" e se entulhar de Norte a Sul, ateiando fogo em toda essa sujeira que um dia chamaram de "Pátria amada, Brasil" para isso se tornar o combustível da melhoria e evolução do nosso povo. Quem sabe, enfim, possamos dizer: Nosso Vivo País...Viva!!! Quem sabe até já, um pouco, mudamos?!

Foto retirada do arquivo de cena do Grupo Volúpia, integrante do CTC, por isso ligado ao Pé-no-Chão.